quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Amor: Outra Quimera?

Quimera sf. fantasia; sonho fantástico; produto da imaginação.

Ainda que cause algum furor e estimule sentimentos até então desconhecidos; não me parece que aquilo que me prende e me torna dependente de atenção, de companhia, de aceitação incondicionalmente seja o amor idealizado por mim.

Tal fantasia como o amor não pode ser reconhecida a não ser como um fato do destino, o qual não acredito, pois não me vejo limitado à uma direção pré-determinada. Eu faço meu futuro, meu rumo. Quem se familiariza com o destino são os acomodados, quem prefere a prisão à liberdade, afinal, ser dominado apesar de cômodo, não deve ser tão agradável assim.

Talvez aquele alguém que me complemente de alguma forma, me dando a autonomia para crescer e a liberdade de ser o que eu quiser, esteja andando por aí na esquina. Mas nada disso o torna uma peça solta de mim. Não o torna um objeto imutável, inesgotável e materializado especialmente para mim.

- Prefiro a sorte de enfrentar os desastrosos desamores, um a um. Vitorioso eu seria se percebesse que em cada relacionamento me tornei mais independente e dono de mim. -

Eu me pergunto, então, se os cigarros, as noites em claro e qualquer outro sintoma como a súbita angústia que frequentemente me assalta a alma e o corpo em vida, não seriam todos substituídos por algo que em sua totalidade e completude me tornasse pleno e pronto para o fim?... 

Não, não o seriam para mim.



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Mero Reencontro

O despertador me acordou como sempre. Então percebi melhor o corolário mal-definido da junção de dois mundos em um. Aquele mais antigo, deixado pra trás, alcançou o meu mundo corrente. E tudo que eu sempre esperei esteve bem perto de mim. Mas seus traços imprevisíveis pareciam-me apenas ocasionalidades, e não como o fim dos meus sonhos. Estes peregrinarão pra sempre, tentando nivelar-se à realidade. Aquela que muda e me muda, mutuamente. As vozes metamorfosearam e os rostos transfiguraram-se, preenchendo uma lacuna sem identidade. O passado está mais fresco, o presente amadureceu. E os dois procuram um futuro comum. Não deveria haver pressão, para qualquer desfecho. Os fins são sempre tristes, carregados de imperfeição. Meu desejo se transforma numa necessidade suprida. Somente o bastante que possa. Apenas um tanto cabível. Nada de perfeições. Ou de conclusões. Um tudo de redefinições. Desespero acalmado. Esperança aclamada. Nem perdas, nem ilusões, mas reencontros e agregações.

Sonho s.m. Fig. Ilusão, fantasia, devaneio, utopia. Idéia acalentada, ideal. Desejo intenso e vivo.

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso." -- Fernando Pessoa
"Somos feitos da mesma matéria dos sonhos." -- William Shakespeare

sábado, 14 de agosto de 2010

Mero impulso, mero desejo, mera dificuldade de se deixar levar

Alma s.f. Princípio espiritual do homem, por oposição ao corpo. Qualidades morais, boas ou más: alma nobre, abjeta. Consciência, caráter, sentimento: grandeza de alma.

E quando você, mesmo olhando dentro dos olhos de alguém, não consegue ver sua alma? É talvez o resultado da mistura de uma ansiedade por reconhecimento e uma estranheza soberana. E você faz aquilo tudo que não precisava fazer numa ocasião natural. Não consegue medir seu próprio sentimento, quanto menos os alheios, totalmente alheios a você. De certa forma isso não te preenche, obviamente. Mas isso é o que te faz pensar que talvez não deva ter o peito preenchido, nem a alma desvelada, nem os pés totalmente no chão. E que o principal talvez seja o impulso pra seguir em frente sem realmente entender tudo por completo. E então, é isso o que você faz.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mera Apresentação

Apresentar v.t. Mostrar; exibir; expor. Fazer a apresentação de uma pessoa a outra ou a um círculo de relações, de família etc.: apresentar à sociedade.

Eu tenho um pouco de medo de me expor em palavras, não me dou bem com a idéia de que as pessoas possam me resumir a alguma frase possivelmente não bem colocada, ou que até me superestimem por algum conceito extremamente casual. Tenho, na verdade, uma noção de que o pensamento é algo sem uma estrutura literal e, portanto, baseado em um mundo além das palavras. É até mesmo um pouco frustrante pensar na situação de completa estranheza onde se situa nossos pensamentos em relação à compreensão do outro. É com certeza mais do que uma questão de interpretação, pode-se dizer que enquanto você apreende alguma leitura nova, atravessa infinitas experiências em milésimos de segundos. O significado de cada palavra lida, assim como cada relação literal existente entre elas, vai depender sempre dessas travessias, das sensações que cada um experimenta naquele instante.

Espero que sempre que as pessoas lerem algo escrito por mim, percebam que eu quis dividir meus pensamentos, ainda que eu saiba que eles não serão apropriadamente compreendidos, porque, felizmente, as pessoas não tiveram as mesmas experiências que eu tive, não sabem usar as palavras da forma que eu sei, não cometem os erros que eu cometo, nem possuem o significado de cada coisa como eu possuo.

Não acho que caiba aqui uma apresentação de mim mesmo. Se seguirmos o que eu já disse acima, fica claro que seria um trabalho desnecessário. Mas talvez cada um faça uma representação particular de como eu talvez seja. Isso já é suficiente. Não que eu tenha várias personalidades, aliás, eu também não desconsidero essa hipótese, mas, a partir de cada leitura, alguém verá algo novo em mim. Assim eu posso ser de várias formas diferentes; irritante, prolixo, alegre, depressivo, inseguro, confiante, intrigante, exigente, resguardado, comovente... Ops, mas aí já é como eu me apresentaria. Deixo pra travessia de vocês!


Casual adj. Que depende do acaso; fortuito; ocasional.