domingo, 30 de outubro de 2011

Ideal, ou Uma Idéia Casual

Depois de tanto desejar e fracassar, eu juro que nunca mais estarei farto. Porque o preço para a satisfação é algo muito espesso para engolir. Pesado demais para carregar.

Rio e me basto de ideias inoportunas. Choro quando não consigo entendê-las. E o vazio que opera em minha mente se parece com o peso de uma armadura, me preservando das más conclusões.

Um protótipo de uma criança medrosa. Não vejo saída, me sento sob o sol e rezo como se ainda houvesse forças que me proporcionassem asas pra voar. Como se eu soubesse como controlá-las.

Então escuto a voz dos meus ideais. Não a reconheço completamente, mas sei que ela intercede a favor de mim. Só não sei se eu suportaria o ideal. Ou se o ideal é suficiente pra mim.
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Desfaço as palavras que escrevera antes. Agito um poema com uma quebra de linhas que me lembra da inexpressão e desordem com que minha vida seguirá de agora em diante; sem ponto final, sensatez ou boas rimas
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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Autoanálise Casual

O que eles quiseram e o que fizeram de mim... É só o que resta saber. Descobrir. Vingar? E o que eu queria que fosse nunca esteve aqui. Fantasia da qual não há como escapar. Preso à uma ideia rejeitada. Por quem? Por quê? Por enquanto a desvendar. 

Eu caminho com meus pés e abraço com meu corpo mas, se não consigo controlá-los como queria, qual a finalidade? Há um protocolo que não quero adotar, uma linha que não devo exceder e o meu ventríloquo, o qual não posso matar.

Ainda tenho a sorte em sonhar, mas azar em morrer. Nada durará até que eu possa me livrar dessas expectativas, uma ilusão levada pela realidade fatal, para longe da minha visão e fora da minha razão. Persigo os sonhos num dente-de-leão, delicado como algodão, leve como plumas e sedutor como os braços de um furacão.

Taraxacum officinale: planta medicinal herbácea conhecida no Brasil também pelos nomes populares: dente-de-leão, amor-de-homem ou amargosa. No Nordeste é conhecida por "esperança". "Abre as janelas e deixa a esperança entrar na tua casa trazida pelo vento da tarde" (dito popular).

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Meras Desventuras

Deitado, iludido e confuso, eu me deparo com as consequências de um único passo em falso. Provocada a impetuosa avalanche de bolas de neve. Eu sei quando algo se tornará pesado demais, mas às vezes ainda penso ser mais forte do que sou de fato.

Em meu auto-retrato sou alguém que se deixa levar por figuras tortas, venturas mortas e segura portas para que passe uma vida de mentiras e nunca respostas. Tenho um mundo que gira e eu giro, me desculpo, me despeço e ouço os ecos dos meus passos em retiro, buscando outro par de passos perdido. Não há recanto que me esconda do fracasso onde me reviro.

Chego ao destino de um percurso por vezes rearranjado. Desencorajado por mim mesmo em meu único cuidado. O escuro e ilusionista orgulho, último ar em meu mergulho. Olho no olho, reconheço a íris de um abismo forjado.

"Nós poderíamos ser muito melhores, se não quiséssemos ser tão bons." 
-- Sigmund Freud

domingo, 6 de março de 2011

Meras Verdades Solitárias

Se tem uma coisa que me incomoda é perceber que às vezes nós nos prendemos em verdades solitárias. Depois que a chuva passa, as verdades se tornam embaçadas e dubitáveis. E nós podemos enxergar melhor que isso, basta passar a mão e desembaçar as vistas acostumadas.

Tudo seria melhor se as pessoas à nossa volta percebessem o estio como nós. A chuva passou. Mas as diferentes visões não. Ao reduzir os danos o que ocorre é uma super-valorização dos próprios problemas. Nós nos precipitamos, nós nos confrontamos, nos ofendemos.

Aquilo que nós valorizamos é freqüentemente rondado por observações desconfiadas e constatações apressadas. E até o desejo de conciliação é carregado de vontades próprias, alienando-se ao próprio desejo, ao ponto de exigir compreensão sem compreender.

Abstrair o problema é o melhor a se fazer. Os conflitos continuarão existindo, pois eles não pedem soluções. Conflitos pedem compreensões.

"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."
-- Friedrich Nietzsche

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Meros Devaneios

E quando o corpo é pouco pra aguentar, pra sustentar os pesos da vida estrangeira, para sempre estrangeira. E a mente expansiva demais, pra subverter as tradições e produzir contradições, para sempre angustiantes. Mas são os dois juntos que se impelem a se contrairem ou se expandirem, em vista às necessidades, para nunca satisfazê-las. Eu estarei pra sempre sonhando e pra sempre acordando.

Deslizando pela vida
onde o vento leva o corpo,
traz a alma aos poucos
e esgota o futuro limitado.

A maré, nunca conhecida de perto,
transforma sonhos em nostalgias,
paramnésias, pesadelos reais.
Oceanos pesados demais, a magia
quebrada pelo sucesso liberto.

O que sobra são pedras
deformadas pelo tempo,
pelo vento, seus acalentos,
e a vida sem preenchimento.

O que me resta são as festas,
as orgias, as magias e o desvio
das condutas e disputas resolutas.
Com fim à vista, porém, em transe,
Nunca reconhecido pelo gentio.

O que me resta é a vida...